Conheci Bernadete Ferraz flanando entre letras e livros. Ela se movimentava nessa dança literária com aquela postura que tanto a caracterizou: um olhar sobranceiro sobre as coisas do mundo.
A partir desse olhar, ela cometia versos, canções, textos e quejandos. E assim produziu aos borbotões. Nesse universo, que ela dava as cartas, sua pena passeou e consignou, com uma leveza quase divina, diversos textos que passo a republicar aqui nesta coluna dedicada a ela.
Tirada do palco por aquelas contingências do destino – foi “raptada” pelo Alzheimer -, Bedeta volta à ribalta na garupa de suas criações.
Sua obra, aqui publicada, insiste na lucidez e no brilho, pronta para revelar a escritora, cronista, compositora das bandas de Oeiras- PI.
Se o esquecimento pretendeu vencê-la, mal sabe ele, o esquecimento, que ela se eternizou em pequenos aglomerados de palavras que, justapostas, forjaram um universo fértil e vivo, que agora renasce para sempre.. e para o mundo.
Ei-los.
Uma carta a tia: Bernadete escreve uma carta à tia, que se chama Lizette( Liz). E que adora viajar pelo mundo. Com a carta, vão as fotos da destinatária ladeada da família.
“Liz querida – saudade de você.
Mas, saudades mesmo, você sentirá dos tempos nos quais as lizettes destas fotos mandavam ver….
Aquela em que está só é a Zetinha genuína do Coronel Andrade Sobrinho – o próprio desabrochador da Flor de Liz.